quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tempos de primeiro time para Bradley Cooper

Bradley Cooper tenta se manter como grande astro na sequência de Se Beber, Não Case! Não que isso o preocupe. Ele só sai da linha quando o assunto é um terno Tom Ford.
Por Roberto Sadovski
A vida em Hollywood pode ser fácil quando você faz parte da comédia para adultos de maior bilheteria da história. Menos para Bradley Cooper. Em 2005, Penetras Bons de Bico provou, com mais de US$ 200 milhões em caixa, ser possível atrair um público mais velho para uma comédia sem apelar para sequências ou super-heróis. Owen Wilson e Vince Vaughn certamente viram sua estrela brilhar mais alto depois do filme. Para Cooper, o sétimo nome em importância no elenco – no papel do noivo mauricinho de Rachel McAdams –, o filme foi só mais um dia de labuta pesada. Foi justamente no lançamento de Penetras que conversei pela primeira vez com o ator. A maratona de entrevistas se mostrava mais longa que o habitual para todos os jornalistas e, quando Cooper, último do elenco na agenda, entrou na sala para falar com a imprensa internacional, eu era o único que o esperava. “Cara, nunca agradeci por você ter ficado naquele dia”, dispara Cooper assim que me encontra na suíte de um hotel em Beverly Hills, Los Angeles, para mais um papo. Seis anos se passaram desde o desprezo da mídia. Agora Bradley é astro do primeiro time e escolhe com quem quer conversar. Tudo por causa de Se Beber, Não Case! (2009), que tomou o lugar de Penetras Bons de Bico como a comédia adulta mais rentável da história ao mostrar um quarteto de amigos em uma noite de bebedeira e amnésia em Las Vegas.
Ternos Tom Ford
Ainda assim, ele traz o mesmo entusiasmo e a mesma humildade, qualidades muitas vezes ausentes dos figurões do cinema, mas que neste caso deixam a conversa sempre divertida e agradável – seja sobre Se Beber, Não Case! Parte II (que leva a mesma gangue do original, Cooper, Ed Helms e Zack Galifianakis, para uma noite de bebedeira e amnésia em Bangcoc), seja sobre ternos Tom Ford. Afinal, ele sabe como a indústria funciona, e tem total consciência de que, se hoje seu nome está no topo – o suspense Sem Limites estreou em primeiro lugar nos Estados Unidos –, isso é puramente circunstancial. Bradley Cooper bateu na porta da profissão em 1998, quando atuou em um episódio de Sex and the City. Três anos depois, ele fez seu primeiro longa, a comédia Mais Um Verão Americano, e voltou para a TV como coadjuvante na série Alias. E, comendo pela beirada, ele foi construindo a carreira: foi vilão em Penetras Bons de Bico, escada de Matthew McConaughey em Armações do Amor, melhor amigo de Jim Carrey em Sim, Senhor e mais um rosto na antologia Nova York, Eu Te Amo.
Maior bilheteria da história
Nesse meio-tempo, Cooper arrumou espaço para protagonizar seu primeiro filme, o terror O Último Trem, em 2008, adaptação de um conto do escritor de horror Clive Barker. “Eu gosto muito desse filme”, entusiasma-se. “Você estava falando antes de meus papéis como coadjuvante e esta foi a primeira vez em que fui o protagonista.” Tudo bem que o filme foi literalmente abandonado pelos produtores (assisti ao longa ao lado do diretor Ryûhey Kitamura em um cinema praticamente vazio em San Diego, há três anos). “Eu lembro perfeitamente, ele foi lançado bem depois em 1 centena de cinemas com entradas a US$ 1″. Se Beber, Não Case! mudou todo o jogo. A indústria esperava uma comédia aos moldes do que o diretor Todd Phillips fazia, como Dias Incríveis e Starsky & Hutch: boas risadas, um faturamento para equilibrar as contas, e partimos para a próxima. Mas a produção se tornou um fenômeno daqueles que fazem os olhos dos executivos brilharem. No verão americano de 2009, Se Beber faturou quase US$ 300 milhões – encostando em US$ 470 milhões no mundo todo. A maior bilheteria de uma comédia adulta da história.
Escolhas
Para uma indústria que funciona com números, logo todo o time de Se Beber, Não Case! – do elenco aos técnicos – viu mais portas se abrindo. “Isso nem sempre acontece do modo que o público percebe”, explica o galã. “Eu fui escolhido para fazer Esquadrão Classe A antes de ele ser lançado. Já com Sem Limites foi diferente, os produtores não teriam colocado o filme em meus ombros se não fosse pelo sucesso de Se Beber, Não Case!” Apesar dos números, continuar a “saga” não foi tão óbvio assim. “A única indicação de que havia algum movimento foi quando o pessoal da Warner disse a Todd que gostariam de assegurar um orçamento”, revela. “A gente imaginou que não passava de procedimento padrão dentro da empresa.”
Controle = ignorância
O procedimento logo se tornou compromisso, deixando Todd Phillips sem espaço para respirar. Ele fechou Se Beber, Não Case! e caiu direto nas filmagens de Um Parto de Viagem, com Galifianakis e Robert Downey Jr.. Mal estava saboreando este, lançado ano passado, e Se Beber, Não Case! Parte II já estava fervendo na panela. “Começamos a falar sobre o filme há um ano, um ano e meio”, continua Bradley. “Todd queria filmar em Bangcoc e passamos a virada do ano trabalhando. Mas tivemos várias noites em claro para deixar tudo pronto”. A verdade é que o ator tem fugido da fórmula do sucesso fácil, equilibrando o cinemão dos grandes estúdios com produções menores. “Não é uma decisão consciente. Eu acho bacana que trabalhar em algo como Se Beber, Não Case! crie oportunidades para eu fazer com que outras histórias sejam feitas”, explica. “Se alguém acha que tem controle sobre os rumos que sua carreira pode tomar, é uma pessoa muito ignorante. Acho que a aposta mais certeira que eu já fiz foi Se Beber, Não Case! Parte II – e mesmo este filme pode ser uma sentença de morte!”
Caso com Renée Zelwegger
Se no cinema Bradley Cooper parece onipresente hoje em dia, sua vida pessoal é mantida de forma bem discreta e o mais longe possível dos holofotes – mesmo que seus affairs tenham aquele glamour do “grande romance hollywoodiano”. E nem estou falando da atriz Jennifer Esposito, com quem casou no final de 2006 – e de quem se separou em maio do ano seguinte. O que alimentou as poucas páginas dedicadas ao astro nas revistas de celebridades foi o discretíssimo caso com Renée Zelwegger. Eles se conheceram na virada de 2006 para 2007, quando filmaram juntos o suspense Caso 39. O romance evoluiu para uma vida a dois, que só foi escancarada quando Se Beber, Não Case! se tornou um sucesso. “Sabe, eu morava nesse lugar muito bacana em Venice Beach, a primeira casa que eu comprei”, discorre Cooper, com certa melancolia. “Minha porta abria direto para a rua e até que demorou para os paparazzi acamparem literalmente em minha calçada.” Foi o que aconteceu e, depois de alguns meses sentindo sua privacidade invadida, ele jogou a toalha. “Meu dinheiro foi investido numa casa que tivesse uma garagem”, revela o astro, que sabe que dinheiro não nasce em árvore neste momento. “Essa indústria não provê segurança, a gente ganha uma bolada aqui e pode ficar sem trabalhar até por três anos. Eu sou muito cuidadoso com isso.”
Nada de castelos na Europa
Renée se separou do ator em março deste ano. Não que Bradley tenha engatado o rompimento com uma maratona de festas e badalação ao estilo Charlie Sheen. O estereótipo do astro de cinema com gastos extravagantes não combina com ele. “Ainda não estou comprando castelos na Europa. Talvez eu possa bancar o fosso”, brinca. Sem um batalhão de assessores para lhe dizer onde comer, com quem ser visto, para onde sorrir e de que forma se comportar, Cooper se movimenta pelo jogo do cinema com certa desenvoltura e bom humor. “Para o bem ou para o mal, eu ainda me visto sozinho”, diverte-se. “Eu adoro roupas, mas o principal nelas para mim é o conforto.” Ainda assim, ele deixa escapar que, quando o assunto são ternos, os que trazem a assinatura Tom Ford são essenciais em seu guarda-roupa. “Todo o figurino de Sem Limites é Tom Ford e foi ótimo que ele nos deu acesso ao que precisamos.” Quando pergunto se ele, avesso aos mimos reservados aos astros do cinema, não guardou um terno, a resposta vem com uma gargalhada: “Claro!”
Formado em letras
É difícil, então, vê-lo falar sobre um assunto que não seja cinema – além de ser sua profissão, é uma paixão. Ele é formado em letras, tendo se dedicado à análise de trabalhos literários e filmes em inglês. Depois de passar seis meses na França, voltou aos Estados Unidos e trocou sua nativa Pensilvânia por Nova York, onde fez mestrado na Actors Studio Drama School da Universidade de Nova York. “É lá onde o programa Inside Actors Studio, com o James Lipton, é gravado”, lembra, empolgado. “Eu estava na plateia quando Steven Spielberg, Jack Lemmon, Sean Penn e Clint Eastwood eram convidados.” Cooper retornou à Universidade de Nova York em outubro passado, agora como convidado do programa. “Gravei pouco antes de embarcar para a Tailândia”, conta. “Foi uma experiência bizarra e emocionante, mas eu tinha uma tonelada de restrições. Eu achava que não havia o menor motivo para estar naquele palco sagrado.” Os olhos de Bradley parecem ganhar nova vida quando ele fala sobre a engenharia envolvida no processo de atuar e como observar quem faz cinema é fundamental para a formação de um bom ator. Quando menciono que não é raro entrevistar alguém da área que não vai ao cinema, ele inclina a cabeça, conformado: “É um absurdo, eu sei, mas, felizmente, não é como eu encaro meu trabalho”.
Trabalhar com os melhores
Como ele “encara”, por sinal, é da maneira mais profissional possível. Longe de se considerar uma estrela que não precisa mostrar que tem o necessário para interpretar certos papéis, Bradley Cooper continua passando pelo exaustivo processo de se apresentar para audições para conseguir os filmes – um dos últimos foi para Lanterna Verde, vencido por Ryan Reynolds. “Cara, eu ainda tenho de ir atrás das coisas”, conta, sem um pingo de ressentimento em sua voz. “Ainda estou no negócio de fazer testes. Não é fácil e a indústria está cada vez mais complicada. Mas para mim o que faz a diferença é trabalhar com bons diretores. Tudo que eu quero é trabalhar com os melhores.” E quem seriam? “Caramba… Paul Thomas Anderson, Jonathan Glazer, Quentin Tarantino, Jonathan Demme, Cameron Crowe, Lee Daniels… Você tem quanto tempo de entrevista?”, pergunta, infelizmente, no fim de nosso papo. Mas um conselho: mantenha a lista bem perto. Com o barulho que Se Beber, Não Case! Parte 2 promete fazer, Cooper logo começará a riscar alguns nomes do papel.

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